terça-feira, 22 de junho de 2010

Trutas do Rocio: um paraíso encravado na serra

Geralmente, a ida a um restaurante tem em vista o atrativo ditado pelos sabores, novidades gastronômicas, buscas ao inusitado e exótico, prazeres da gula, curiosidade e até mesmo, fome. No entanto, uma ida ao restaurante Trutas do Rocio  inclui tudo isso, e muito mais. É um evento completo.

Há algum tempo, devido às referências do filho e parceiro bloguista João Luis, já falávamos em ir lá.  Para ele e a norinha Paula, um retorno para renovação das memórias gustativas e olfativas...rs; para mim, uma estréia, para novas aquisições sensitivas.

Já no caminho, saindo de Itaipava, tomamos a rodovia BR-040, sentido Rio, desfrutando das delícias da serra. As montanhas vestidas pela,  redundantemente verde, vegetação, ainda tisnadas em branco pela recente neblina, e mesmo manchas acidentais de construções invadindo a sua pele natural, mas que não ferem a sua beleza.

Mapa

Após um trecho de rodovia, acessamos a estrada do Rocio, na direção dos radares da Aeronáutica (Cindacta), que culmina no Morro do Boné, e está a uma altitude de 1.552 metros, formando um paredão rochoso que pode ser observado da BR.040 (Rio-Juiz de Fora).

E é por aí que seguimos, numa vereda verde, toda pavimentada, apreciando cada detalhe dos atrativos que esses caminhos costumam apresentar, sítios, haras, árvores diferentes, bromélias, e tentadoras ladeiras para caminhantes. No caminho encontramos um corajoso grupo a pé, que chegou ao restaurante após a nossa chegada, devidamente motorizados.

Um rústico e natural portal nos esperava, já anunciando numa tabuleta em forma de truta, que havíamos chegado ao nosso paraíso. Não resistimos às fotos. Falam por si mesmas.

O sítio Trutas do Rocio está localizado distrito de Rocio, em Petrópolis, numa APA (Área de Proteção Ambiental) entre as reservas biológicas do Tinguá e de Araras.

Com cachoeira e nascentes de águas cristalinas, o lugar é agradável, ideal para passeio e também para estudantes, pesquisadores e amantes de esportes, como caminhadas e trilhas que podem ser feitas de bicicleta ou de moto.

 

Ao todo, são 100 hectares. A área verde é dividida com sete tanques para criação de trutas, alimento principal de todas as receitas que são servidas no restaurante local. A criação utiliza água das próprias nascentes.

À chegada, descemos uma caminho em meio a telhados germinando vegetação, um barracão de artesanato dos móveis do local, araucárias (lembrei do Paraná), riachos de  águas cristalinas que serpenteiam a entrada e cruzam uma linda ponte. Não há como se livrar do clichê; não há outra forma de descrever tal cenário.

No final da descida, protegida por rústicos, no entanto, seguros, corrimãos de madeira do local, descortinaram-se os tanques de criação das trutas. Um espetáculo.

Separados por idades, desde a categoria de alevinos até às trutas já em fases de abate, fervilham naquelas águas geladas, aguardando o calor do fogão para aquecer a nossa gula gastronômica.

Após um passeio pelos tanques, chamou-nos a atenção um armário com portas metálicas. Após alguns palpites, concordamos que poderia ser um defumador, devido á lenha que queimava em sua base.

Eis então que surge Marcelo, simpatia em pessoa, um misto de gerente, caseiro, tratador das trutas, garçom, enfim, o cara certo, no lugar certo, na hora certa, e nós também. Falou-nos de suas atividades, com um orgulho que dava gosto de pressentir, do tempo que já trabalhava ali, da história do local, do restaurante, das trutas, até dos cães que tomavam conta do local. Um item não programado ou imaginado, mas que fez parte do nosso maravilhosamente imprevisível pacote.

Marcelo nos explicou cada detalhe do armário de defumação das trutas. Por sorte nossa, ele tinha vindo ali, justamente,  para virar as “meninas” (chamo assim, pois apresentam delicada aparência feminina, mas não sei se são fêmeas ou machos) já bronzeadas em um dos flancos para igualarem o outro lado.

Perguntou-nos se podíamos dar uma ajuda. Se precisasse pagar eu pagaria para fazer tal serviço. Ajudamos, orgulhosamente, na execução da tarefa. Ficamos imaginando a oportunidade que ganhamos de sermos os únicos ali a termos o privilégio de participar de tal atividade. Obrigado, Marcelo!

Já estava na hora de conhecer o restaurante. Um lugar aconchegante aquecido por uma espécie de lareira portátil de barro, alimentado por carvão de eucalipto. Ao mesmo tempo em que aquecia, exalava um leve e perfumado aroma. Um ambiente com amplas janelas, com visão total da paisagem exterior, que não poderia deixar de ser saboreada juntamente com os acepipes (aperitivos).

 

Ao nos acomodarmos fomos recebidos pela simpática proprietária , Luciana Martins, que nos colocou á vontade e passou-nos informações sobre o funcionamento do restaurante.

Fizemos reservas, pois o restaurante possui um número pequeno de mesas, justamente para dar mais intimidade e personalização ao tratamento aos clientes.

A leve e cuidadosa decoração dava um toque todo especial.  O lugar é realmente abençoado. Uma pedra enorme foi mantida dentro do restaurante convidando a todos a apreciar e participar da beleza da natureza local.

Não pensem que a chegada ficou só nisso, não! Fomos prestigiados por um showzinho inesperado de um esquilinho que fica numa área externa que parece um palco, com participação especial da norinha Paula.

O bichinho tornou-se a celebridade do dia. Claro que atraído por uns amendoinzinhos colocados estrategicamente, mas cumprindo muito bem o roteiro e todos os itens do seu contrato, e melhor, sem cobrança de couvert artístico aos clientes.

Bem, já estava na hora de atender aos apelos advindos da água na boca, do perfume que vinha da cozinha integrada ao espaço das mesas, e do ronco do estômago. Não resisti à pinguinha mineira que me atentava, seduzindo-me pelas letras do cardápio. João embarcou numa bela cerveja Cidade Imperial de magnífica apresentação na cor e design do rótulo e , posteriormente, conferida pelo delicioso sabor e textura, tanto da clara, quanto a escura, que elegi para harmonizar com o meu pedido. Paula foi servida de um excelente suco de uva integral, importado do Rio Grande do Sul.

Passamos os olhos sobre o cardápio, parte do ritual gastronômico, no entanto,  saboreamos de entrada, sugerida pela proprietária, deliciosos bolinhos de aipim com truta defumada e molho tártaro de beterraba que, literalmente, se derretiam na boca. Lembrei-me das degustações de vinho e apliquei nessa apreciação as lições ali aprendidas, passando pelos mesmos trâmites de se sorver o vinífero líquido. Já fiquei imaginando a receita e como fazer em casa.

E, eis que surge, novamente, Marcelo, com várias trutas defumadas, recém retiradas do defumador. Uma imagem sedutora, daquelas dignas de constarem das tentações a santos em penitência e, agravadas com penas de pecados mortais, sacrilégios, evidente que, na religião da gastronomia, para quem não as experimentasse. Ficamos hipnotizados por tal quadro e já pedimos que preparasse uma para a nossa “transgressão”.

 

Cumprida mais essa etapa do périplo gastronômico, aproximava-se o momento de pedido principal. Depois de muito pensar e perguntar sobre a composição dos pratos, Paula e João optaram-se sobre uma Truta com Alho Poró, e eu pela Truta au Poivre Vert, como fã e adepto de pimenta sob qualquer circunstância.

E, para guarnição, um Arroz com Amêndoas. As fotos dispensam descrição, exalam até o perfume das delícias.

Um silêncio pairou sobre a mesa, e nada mais se disse até que todos os sabores fossem alquimizados. Apenas fizemos algumas trocas para que experimentássemos todos os pratos. Quantos sabores, perfumes, texturas dissolveram-se em nossas línguas, perceberam-se nos lábios, sensibilizaram-se nos narizes e papilas gustativas, e com a primordial colaboração cerebral, na tradução e memorização desses momentos! A diversidade de sabores prescindiu de bebida para acompanhamento.

Apenas tomamos, como sobremesa, mais uns goles a da deliciosa cerveja Cidade Imperial.

Já satisfeitos e refastelados, estando devidamente comentadas as nossas percepções gustativas, o mais próximo de sua realização, pedimos à proprietárioa para conhecer a cozinha e as demais instalações, no que fomos simpaticamente atendidos.

Aliando qualidade da comida, atendimento, local, e tantos bônus deliciosamente imprevisíveis, os preços apresentados foram extremamente satisfatórios, bem dimensionados, tanto para comidas quanto bebidas, fechando um ciclo de prazeres que, logo que possamos, voltaremos a repetir.

À saída, quando vieram agradecer da nossa presença – atitude rara em nossos restaurantes – fomos acompanhados por Marcelo, que num ato final de gentileza, ofereceu-nos uma muda de araucária.

Esperamos que, a par das nossas impressões e sensações, tenhamos conseguido retratar  nossa visão pessoal do que o restaurante Trutas do Rocio tem a oferecer, descartando por parte de nós qualquer intenção de publicidade ou outro interesse.

Parabéns e obrigado a toda equipe do Trutas do Rocio pelo excelente momento que nos foi ofertado.
Agradecimentos à especial companhia de meu filho João e da norinha Paula, sem os quais essa aventura ficaria incompleta.

TRUTAS DO ROCIO (www.trutas.com.br)
Estrada da Vargem Grande, No 6333
Rocio - Petropolis - RJ
Tel: (24) 2291-5623 / 5684 / (24) 9965-6113
trutas@trutasrocio.com.br

4 comentários:

Mariana Corchs disse...

Adorei a matéria...já estou com água na boca!

Renata disse...

Olá

Boa Tarde!!!

Recebi o convite e aqui estou...que surpresa de blog!!!

Parabéns aos colaboradores...essa matéria está super especial...me deu vontade de conhecer esse lugar!

Infelizmente estou numa época de trabalho intenso...mas ainda volto pra olhar isso tudo com mais calma!

Um abraço,
Prazer em conhecê-lo!

Renata Boechat
www.eternosprazeres.blogspot.com

Katia Bonfadini disse...

João, que delícia de lugar, que lindas fotos e que pratos suculentos!!!!! Me deua a maior vontade de conhecer esse pequeno paraíso! É tudo muito aconchegante. Que dica maravilhosa e que post completíssimo! Deve ter sido uma experiência inesquecível! Bjs!

Unknown disse...

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