Já faz um tempo que a segunda parte do curso de queijos e vinhos acabou, mas só agora consegui colocar as informações no "papel", ou seja, no post.
Na primeira parte do curso foram apresentados alguns queijos harmonizados com seus respectivos vinhos, todos sugeridos pelo Prof. Célio Alzer, da ABS. Nessa segunda parte, as indicações do Célio trouxeram algumas surpresas, principalmente na harmonização com vinho do porto. Vocês verão!
O primeiro queijo da noite foi o famoso emmental. Esse queijo suíço, de cor amarelada e consistência média, tem como principal característica as chamadas "olhaduras" (buracos internos). Essas olhaduras são produzidas pelas bactérias propiônicas que geram uma forte produção de gás carbônico, resultando na formação dos buracos. Geralmente os queijos propiônicos são mais adocicados, com um sabor levemente amendoado, de aroma intenso e textura bem firme. O tempo de cocção (técnica de preparação de alimentos através de calor) desses queijos pode levá-los a ter uma cor ligeiramente acastanhada.
Para o emmental, a sugestão do Célio era harmonizar com o vinho português Duque de Viseu, branco, safra 2007, da Quinta dos Carvalhais. É um vinho proveniente de uma região do Dão, que produz tradicionalmente vinhos tintos. Na verdade, cerca de 80% da produção da região é direcionada para os tintos. O branco que experimentamos é feito com uvas das castas Bical e Encruzado. O sabor do emmental se harmonizou bem com esse branco frutado e de aroma agradável. Ainda foi servido junto a um pedaço de pêra e de baguete.
Além dessa indicação, Célio sugeriu, para quem quisesse experimentar depois, uma harmonização com um vinho da uva Gewustraminer, que, segundo ele, também seria uma ótima opção.
Para o segundo queijo, o escolhido da vez foi o camembert. Considerado um queijo de pasta mole, é originário da região da Normandia na França e tem bastante semelhança com o brie. É feito de leite de vaca e apresenta-se com uma fina camada de bolor (penicillium) branco. Para a harmonização, a opção do Célio foi o vinho Chateau Bel Air Perponcher Reserve 2006.
É um tinto leve da região de Bordeaux, feito com 80% de uvas Merlot e 20% de Cabernet Sauvignon. Nota-se a abundância do sabor frutado e a ausência de barrica, o que reage bem ao sabor mais leve do camembert. Foi servido também com pedaços de baguete e, dessa vez, com maçã Fuji vermelha.
Como terceira opção de queijo tivemos o reblochon. Nunca tinha saboreado esse queijo e para mim parecia muito como o camembert, pelo menos em termos de aparência, só um pouco mais amarelado.
Considerado um queijo de massa mole prensada não cozida, é feito de leite bem gordo e geralmente são necessários cinco litros de leite para se fazer um queijo de 450g.
O vinho escolhido foi o Alamos Cabernet Sauvignon 2007, da vinícola Catena Zapata. Por ter ficado pelo menos oito meses em barrica, é um vinho mais encorpado. Na minha opinião, foi uma excelente escolha. O reblochon escolhido pelo Célio era da marca Witmarsum, que é uma cooperativa do Paraná, distribuidora da Cave Du Fromage. Para a degustação, foi escolhido a maçã vermelha com o pão ciabatta. Ficou muito bom!
Para o final, Célio guardou a maior novidade: sua harmonização do queijo gorgonzola com o vinho do porto, Ruby Andresen.
Uma verdadeira descoberta. A melhor "parceria" da noite. A mistura inusitada deu super-certo! Para quem não sabe, o gorgonzola é uma variedade de queijo, feito a partir do leite de vaca, originário da Itália. Tem sabor e aroma bem intenso devido seu processo de maturação, que forma pequenos veios de mofo azul, resultado da inserção do fungo Penicilium Roqueforti. Sua característica de paladar ligeiramente salgado deu um toque especial na sinergia com o adocicado do vinho do porto. A denominação de vinho do porto se faz para aqueles vinhos fortificados, ou seja, que têm sua fermentação interrompida ainda na fase inicial para que recebam uma carga de aguardente vínica, o que resulta em um vinho mais forte (com teor de álcool entre 18 e 22 graus) e mais doce (devido a fermentação incompleta, parte do açúcar natural das uvas não se converteu em álcool). O vinho do porto é produzido com as uvas da região do Douro, norte de Portugal.
O vinho servido era da categoria Ruby, o que quer dizer que eles envelhecem em balseiros (barricas com até 20.000 litros) e por terem pouco contato com a madeira (devido a relação superfície/volume ser pequena) conservam suas características iniciais por mais tempo. São mais frutados e com aspectos de vinho jovem. Junto ainda foi servido um pedaço de pão de nozes com passas da Confeitaria e Restaurante Garcia & Rodrigues, além de fatias de pêra. Excelente pedida.
Com essa incrível experiência, fechamos o curso com chave de ouro. Mais uma vez,o Prof. Célio expôs com grande conhecimento seus ensinamentos, frutos de estudo, prática e muita dedicação.
Quem não fez o curso, aconselho que o faça, pois é chance de não só aprender um pouco mais sobre o assunto, mas, também com boa companhia, poder desfrutar desses sensacionais queijos e vinhos. Abraços à todos
3 comentários:
Precisa dizer que eu experimentaria tudo? Mas para algumas da sugestões/ harmonizações, certamente me dedicaria com mais prazer ainda. Por exemplo, o emmental com pêra e vinho branco português. Inspirador. Claro que iria conhecer também o reblochon,que nunca comi, acompanhado do Alamos,que tem uma origem de respeito,a Catena Zapata. E por fim o porto com o gorgonzola. Só coisa boa, só bons sabores, só deliciosos prazeres. Em boas companhias então??? João,amigo querido, suas dicas, sugestões, informações,curiosidades e afins estão cada dia melhores. beijoss.
Vê: Sei o quanto vc desfrutaria de todas essas experimentações sem pestanejar, ainda mais com vinhos tão bons! Obrigado sempre pela força e incentivo. bjs!!
Muito bom o texto. Só pediria que ele também informasse as marcas dos queijos consumidos (ou então as marcas recomendáveis).
Parabéns e abraços.
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